
No filme, Michael Moore nos leva a crer que a mídia, mais precisamente a FOX News, argumentou narrativas a fim de beneficiar George W. Bush. Então, o diretor do filme, parte para a construção de uma narrativa que descontrua a imagem de bom político de Bush diferente a que estamos habituados a receber. Moore apresenta inúmeras imagens de George W. Bush em seu dia a dia durante o período de férias. Bush aparece pescando, jogando golfe e brincando com o seu cachorro. Tudo para dessocializar sua imagem à de presidente dos EUA com o intuito de modificar a opinião pública que o público formou através da mídia a respeito do então presidente e, com isso, libertar esse público daquilo que Moses Finley define como “apatia política”, isto é, o sentimento de rejeição à política.
Em seu livro, "Opinião Pública”, Walter Lippmann defende a ideia de que a verdade é sempre mediada e nós devemos acreditar ou não nestas mediações e que estas mediações exercem papel importantíssimo para a criação de uma opinião que formamos sobre um daterminado sujeito, neste caso George Bush. E sabemos que a mídia produz diferentes narrativas a respeito de um mesmo fato. Isso implica com o conceito de verdade defendido por Platão.
Platão e Aristóteles também acreditavam que a única forma para que a obtenção do conhecimento fosse possível, seria através do conhecimento da verdade absoluta e, somente ela, seria capaz de fazer com que a vida moral também fosse possível. E o processo para adquirir o saber é o diálogo, por isso, diz-se que Platão fazia uso da dialética como forma de aprendizagem por acreditar que esta seria a verdadeira indagação viva da verdade mediante o discurso e a conversação.
No entanto, por mais verossímil que possa parecer o filme, não devemos esquecer que ele também é uma produção midiática e faz uso de narrativas para convencer o espectador de que aquele, dentre muitas, trata-se da verdade absoluta.
Por Jurdiney da Costa Pereira Junior.
Livros:
PLATÃO. A República de Platão. Editora Jorge Zahar. Rio de Janeiro: RJ, 1995.
LIPPMANN, Walter. Opinião Pública. Editora Vozes: Petrópolis: RJ, 2008.
FINLEY, Moses. Democracia Antiga e Moderna. Graal: Rio de Janeiro: RJ, 1988.
Filme:
Fahrenheit 9/11. 2004.
Dir. Michael Moore.
Uma ferramenta de narração observada no documentário e que é comum a Platão é a construção a partir de perguntas retóricas. Em ambos, a explanação da "verdade" é precedida por indagações que os próprios autores, tanto Michael Moore quanto Platão, respondem na sequência do "diálogo".
ResponderExcluirEsse link filosófico foi muito bem construído!
gostei da idèia deste Blog..estarei atento aqui ..gosto muito de cinema e tenho um cine clube..abraços!!
ResponderExcluirCara, excelente seu blog, parabéns! Dou aula de sociologia e filosofia no ensino médio, então vou seguir seus posts, pra pegar as dicas! Abraço!
ResponderExcluirAssisti por duas vezes o documentário e o texto do Júnior está bastante explicativo e suscinto. parabéns, irmão. A partir de agora, adiro ao blog.
ResponderExcluirAbração à todos.